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Microscópio da Crise
Os cancros da sociedade por palavras...
quinta-feira, 8 de agosto de 2013
terça-feira, 12 de março de 2013
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
De Bragança a Lisboa....
Um dia ouvi falar de uma terra, uma terra com neve, uma
terra com calor, uma terra de seca ou talvez só para alguns.
Um dia ouvi falar de uma terra de boas gentes, de gentes que
se conhecem, de gentes que se preocupam com os outros, de gentes com um
espirito de bondade, de gentes rijas.
Um dia ouvi falar que essa terra ficava num canto de Portugal,
uma terra a 500km da capital que se diz Lisboa, e tinha de seu nome Bragança,
então decidi conhecer essa terra.
Infelizmente já não pude fazer esses 300km de comboio pois a
linha ferroviária tinha sido já eliminada uns 10 anos antes, então recorri á
linha rodoviária, com umas belas paisagens pela frente o autocarro seguiu sua
viagem por uma das mais perigosas do nosso país.
Três horas de viagem cheguei ao meu destino com uma imagem
de uma terra esquecida pelos nossos governantes, tal é a sua paisagem,
preparei-me então para o pior.
O meu primeiro contacto com aquelas gentes foi muito
superficial e a minha visita pouco durou, no entanto, quis o destino que essa
terra de boas gentes me acolhesse por algum tempo, e Bragança tornou-se a minha
casa por alguns meses, dois anos ao certo, e desses muitos dias que por ali
passei, posso-vos dizer, não encontram outra terra como Bragança, não encontra
outras gentes como as de Bragança, não encontram melhor clima que o de
Bragança, não encontram melhores sabores do que em Bragança, as poucas coisas
que podem encontrar melhor fora de Bragança são estradas, comboios e aviões
pois estas são as coisas que insistentemente tiram daquela gente.
Bragança é muito mais de uma terra no extremo norte de Portugal,
Bragança tem muito mais para oferecer do que apenas impostos pagos aos nossos
governos, Bragança é terra de castanha, azeite, azeitona, alheira, carne,
cogumelos, cereja e muito mais, no entanto ninguém para os lados de Lisboa se
lembra daquela terra que dá mais ao país do que as contas que são feitas.
Um dia falaram me de uma terra onde haviam muitas pessoas,
uma terra cheia de oportunidades, uma terra de riqueza, uma terra com qualidade
de vida, decidi então que haveria de conhecer essa terra, diziam também que
essa terra se chamava Lisboa e que era a capital de um pequeno país.
Meti-me num comboio e em pouco mais de duas horas estava na
cidade, adorei toda aquela facilidade de movimentos, ora tinha o comboio, ora
tinha o metro, ou autocarros, ou táxis, ou mesmo barcos, era só escolher, mas
infelizmente todo o meu entusiasmo ficou-se por aí, Lisboa é apenas uma cidade
de transportes, não tem muito mais a oferecer a uma pessoa como eu, Lisboa é
apenas uma cidade cinzenta, cheia de multidões, cheia de confusões e nada mais.
Vivemos num país pequeno onde tudo parece tão fácil, num
país onde as distâncias deveriam ser pequenas, mas não aquelas que
verdadeiramente interessam.
Auto-estradas Lisboa-Porto são duas e meia, graças a esta
crise a terceira ficou encalhada mas ainda deu para encher o bolso de alguns.
Comboios Lisboa-Porto são 4, Urbanos, Intercidades,
Internacional e Alfa Pendular, graças a esta crise uma quinta linha (TGV) ficou
na gaveta, mas ainda fez fortuna para alguns.
Aeroportos em Portugal são 3 principais, Lisboa, Porto e
Faro, mas temos um em Beja que só abre meia dúzia de dias por anos.
Grandes acessibilidades para um país tão pequeno, pelo menos
nas ligações Lisboa-Porto, e eu pergunto-me, mas o que se passa com este país?!
Portugal não é só Lisboa e Porto, há muito mais além destas duas cidades.
Quando se pensa em poupar cortamos sempre nos mesmos, mas ninguém
faz as contas como deveria, aquelas terras que têm muito mais para oferecer são
aquelas mais esquecidas.
Bragança meus amigos, é mais do que uma terra que delimita
Portugal, Bragança merece muito mais do que aquilo que tem sido feito, e os
nossos governantes deveriam ter vergonha de voltar a lá pôr os pés.
Em Bragança não precisamos de políticos, não precisamos de
mentiras nem corrupção, em Bragança as pessoas têm qualidade de vida mesmo sem
as ajudas do governo, tudo porque em Bragança há muito mais do que ambição.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Vendam tudo!
O meu bisavô herdou bens dos seus pais, o meu avô da sua família,
os meus pais herdaram também bens de suas famílias, e eu quanto a mim parece-me
que não vou herdar nada se não uma valente divida, e não falo daquilo que os
meus pais ou familiares têm para me deixar mas sim daquilo que o nosso país tem
para me oferecer, primeiro porque, com esta austeridade não há ninguém que
consiga comprar o que quer que seja, e segundo porque até o nosso país se está
a desfazer dos bens que adquiriu ao longo de anos de historia.
Mas que animo me dá escrever algo tão valioso, até parece
que o país está a enriquecer á custa das vendas de bens e empresas que tem
vindo a fazer.
Estão a fazer-nos o favor de comprar os nossos bens, coitados
se calhar nem têm comida na mesa e anda a gastar dinheiro nas nossas coisinhas
só para nos ajudarem, mas felizmente ainda há boa gente neste mundo, valha-nos
isso, isto deve ser o pensamento dos nossos governantes ou então, e esta é o
que me parece mais plausível, esses chulos estão a ganhar algo com isso.
Mas será que ninguém percebe que estando Portugal na
situação que está, o nosso valor comercial é mais do que baixo, não percebem
que estamos a vender as nossas coisas, que os nossos pais, avós e bisavós tanto
trabalharam para conseguirem, será que ninguém vê que isto só nos dá uns trocos
e não resolve o problema do país?!
Como já muitas vezes foi dito por mim, eu não sou homem de números
nem muito menos de políticas mas se até para uma pessoa como eu isto parece um
disparate, eu não sei o que pensam os entendidos.
Não obstante da situação de saldos em que nos encontramos
ainda conseguimos fazer negócios da china, com chineses, brasileiros,
angolanos, etc. esperem, isto faz-me pensar que toda esta gente que tem vindo
comprar as nossas hortas são ex-colónias nossas, ora cá está um ponto interessantíssimo,
como é que ainda ninguém percebeu o que se está a passar, será que isto é caso
para dizer que o aluno ultrapassou o mestre ou será só que eles nos estão a
ajudar?! Mas que atenciosos, depois de tudo o que fizemos por eles, realmente,
ainda bem que há pessoas boas neste mundo, o que seria de nós.
Eu gosto propriamente de analisar estas situações depois de
algum acontecimento que passe nas televisões e redes sociais. Não sei se vossemecês
viram na semana passada o que se passou no grande prémio de Macau de
motociclismo, e não falo da morte do nosso compatriota, infelizmente todos
temos um fim, paz á sua alma, mas sim falo do que aconteceu depois da
competição no momento em que um outro nosso compatriota subiu ao pódio e quando
se preparava para ouvir a nossa, “A Portuguesa”, eis que surge um hino ao não
sei o que, vá, uma melodia desconhecida, eu pôs me a pensar e não devo ter sido
o único a chegar a esta conclusão, ora pensem comigo. O acontecimento foi em
Macau, uma região da republica popular da china desde 20 de Dezembro de 1999,
ano em que esta terra humildemente foi cedida imaginem por quem??? PORTUGAL,
exactamente, Macau já foi português a não foi assim á tanto tempo (uns 12
anitos) e mesmo assim aqueles caramelos conseguiram não ter o nosso hino para
tocar, espantoso como o mundo é tão pequeno.
De tudo isto há a retirar apenas uma ilação, por muito bons
que sejamos e por muito atenciosos que tenhamos sido, chineses são chineses e
estão sempre prontos para nos foder, ou vocês acham que eles vêm para aqui
comprar merda?! Eles vêm cá comprar aquilo que dá dinheiro, não é para nos
ajudar, nunca foi, nem nunca será, pena tenho eu que aqueles que podem fazer
algo estão com os bolsos cheios de “Yuans”.
Triste país este em que vivemos em que com uns trocos se
compra a dignidade de alguns, e se fode muitos mais, triste país este que vende
aquilo que tem, triste país este que tem politicas que ninguém compreende.
Por mim, podem vender tudo aquilo que vos apetecer, eu não
estou á espera de enriquecer com heranças muito menos com apoios miseráveis do
nosso país, mas não se esqueçam um dia vamos ficar sem nada para vender e
depois quero ver quem destes miseráveis negociantes vai vender também o cu!
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
Carta ao Sr. Luís Pereira
Ex. Mo. Sr. Luís Filipe Pereira,
É com grande desagrado que lhe dedico algum desgaste no meu
teclado, pois fiquei bastante indignado com aquilo que proferiu na conferência
da Associação Empresarial da Região
de Leiria, caso não se recorde eu passarei a citar aquilo que o meu
amigo afirmou, "Tem-se falado pouco nisso, mas a baixa produtividade é o
problema essencial no país". Não sei com que fundamento o senhor
profere esta afirmação mas presumo pelo teor da mesma que deva estar a
referir-se a si e aos seus colegas de trabalho, nomeadamente da classe
politica.
O senhor até pode ter estudado
economia, mas no que diz respeito a trabalho não tem no seu currículo nada que
lhe faça um especialista em trabalho, muito menos em arregaçar as mangas e
sujar as mãos, devo acrescentar, que, considerando as suas actividades de director
financeiro, administrador, professor auxiliar e ministro da saúde, não se pode
dizer que o senhor produziu demasiado para o nosso país, ou será que me engano.
O senhor por acaso faz ideia do que é
trabalhar 12 ou 16 horas por dia como muitos dos portugueses, o senhor sabe por
ventura o que é ter de se levantar as 5 e 6 horas da manha para apanhar os
transportes públicos, porque nem toda a gente tem um BMW custeado pelos contribuintes
portugueses, não é?, você sabe o que é um martelo, uma colher de massa ou até
um bloco de cimento como muitos portugueses que trabalham na construção civil?
Não sabe pois não?! Então nem vale a pena continuar com a enumeração daquilo
que nós pessoas comuns e não politicas/administradoras fazemos.
Nós sim produzimos para o país não
vocês, políticos fracos que chegam onde chegam á custa dos amigos que têm ou
daquilo que nós eleitores fazemos, vocês sabem lá o que é produzir, vocês
passam os dias sentados em cadeiras de pele, feitas com as mão do povo português
e mesmo assim não dão valor ao que nós fazemos, fazem viagens para o “trabalho”
em carros pagos por todo nós, recebem um ordenado que só é possível porque nós
pagamos para isso, e mesmo assim vocês ainda conseguem estragar o nosso futuro
com politicas desgovernadas, mas pior que tudo isso meu caro amigo, é o senhor
ainda culpar-nos a nós trabalhadores que produzimos pouco. Ou o senhor não preparou
o seu discurso, ou então não deve estar contente com a vida que tem, se calhar
ainda não usufruir de uma reforma milionária, presumo eu.
Senhor Luís, tenho a certeza que
qualquer operário em Portugal já produziu mais do que o senhor, só não teve a
sorte de ter bons amigos no governo, lembro-lhe que neste e em qualquer país
nem toda a gente pode ser engenheiro, enfermeiro, político ou professor, se
assim fosse bem mal estaria Portugal com a falta de produtividade.
Peço-lhe que, um dia, quando tiver
tempo, acredito que tem uma vida muito ocupada, pense bem naquilo que o rodeia,
e veja se algum dos objectos á sua volta foi produzido por algum político ou
administrador. Pense bem nisso e depois falamos.
Não me venha com histórias de falta
de produtividade porque a sua classe é aquela que menos produz e mesmo assim
ainda consegue deitar a baixo aquilo que nós construímos com muito esforço,
horas de trabalho e sacrifício.
Um dia quando perceber o país onde
vivemos, peça desculpa aos portugueses que ofendeu, não lhe custará nada e ficará
bem melhor na fotografia, até lá resta a mim desejar-lhe um resto de um bom dia
de trabalho, que pelas minhas contas deve faltar 10 minutos.
Sem outro assunto, despeço-me com os
melhores cumprimentos de um m português que não gosta de ser insultado.
P.S. Nem todos temos um horário de
trabalho das 9 as 17.
Peço a todos que reencaminhem esta
mensagem, vamos mostrar a este senhor que não somos aquilo que eles pensam de
nós.
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